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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Quem é EXU?

“Exu é o mensageiro dos outros Orixás, e sem ele nada se faz.” 
(Pierre Verger, 1999)
 
“Tá chegando a meia-noite,
Tá chegando à madrugada,  
Salve o povo de quimbanda,  
Sem Exu não se faz nada.” 
(Ponto cantado para Exu  de origem desconhecida;  muito popular em terreiros de umbanda, quimbanda e alguns de candomblé – Pesquisa de Campo, 2005)
 
 “Nada se faz sem Exu” 
(Edson Carneiro, 1972)
 
Estas  citações  são  alguns  exemplos  de  como  Exu  é  tido  como  importante dentro  de  terreiros  de  umbanda, quimbanda  e  candomblé  espalhados  pelo Brasil.
Apesar  de  ter  papéis  e  significados  distintos  dentro  de  cada  uma  destas manifestações religiosas, Exu, temido e adorado por muitos, é a expressão religiosa e  a  esperança  de  solução  dos  problemas  de  muitos  fiéis  e freqüentadores  de terreiros em todo o país.
Sua significação é complexa, dependendo de sua origem e em qual  religião se  manifesta,  tem  caráter  de  divindade,  mensageiro,  protetor,  escravo  de  outras divindades, demônio, espírito inferior e imperfeito.
Na  tradição africana, Exu é o princípio dinâmico que permeia  tudo, ou seja, dinamiza  tudo; Exu é aquele que permite as passagens  (inclusive entre a  terra e o além), que permite as trocas simbólicas, que leva e traz as comunicações, pois sem ele  não  há  candomblé.  Todo  ritual,  independente  de  qual  for  e  para  qual  orixá  é
dirigido, é precedido por uma oferenda para Exu,  também  chamada de despacho.
No  jogo  oracular  dos  búzios,  é  Exu  quem  leva  as  perguntas  e  quem  traz  as respostas,  podendo  ser  ele  mesmo  quem  responde.  É  comum  se  dizer  nos candomblés  que  se  o  Exu  da  casa  estiver  de  costas  para  o  terreiro,  este  não prospera.
Os  Exus  e  pombagiras,  geralmente  denominados  na  umbanda  “povos  de rua”,  são  utilizados  como  agentes mágicos  de  atuação  em  diversos  assunto
s  do mundo  material:  dinheiro,  relacionamentos,  negócios  de qualquer  natureza, vinganças, trabalhos de ódio, saúde, prosperidade, etc.
Esses  “povos  de  rua”,  no  caso  da  umbanda,  são  espíritos  (egún)  que  já estiveram encarnados e que, quando vivos, eram marginalizados e segregados pela
sociedade  abastada,  mas  que  transitavam  com  facilidade  na  boemia  e  em  seus meandros, onde entraram em contato com a essência de muitas pessoas e diversos estilos  de  vida.  Seria  justamente  por  conhecer  as  falhas  humanas,  seus  vícios  e virtudes é que quando falecidos, esses espíritos se juntam às “correntes” de Exu.
Em suas relações com os orixás dentro da umbanda, os Exus são tidos como Guardiões de seus mistérios, as vezes confundidos com  ‘escravo’ dos orixás e dos guias  espirituais  (pretos-velhos,  caboclos,  etc)  e  funcionariam  como  verdadeiros soldados protetores do  terreiro e das pessoas a ele  ligados. Na umbanda, os Exus estarão  sempre  a  esquerda,  contrapondo a  outra  face  da moeda:  as  correntes de direita.  Onde  as  de  direita  comandam  as  falanges  e  desmancham  trabalhos maléficos  e  os  de  esquerda  podem  tanto  fazer  trabalhos  maléficos,  quanto desmanchá-los.  Mas  vai  depender  sempre  da  denominação  umbandista  que  o
mesmo se manifesta (se for o caso).
Os Exus são amorais, não são nem  totalmente bons, nem  totalmente maus, podendo  desde  realizar  várias  curas,  como  realizar  trabalhos  prejudiciais  a  outras pessoas. Essas características contribuíram com que os Exus  fossem  identificados com  o  diabo  dos  cristãos,  e  é  por  isso  que  vemos  nas  lojas  de  artigos  religiosos especializados  em  umbanda  aquelas  imagens  com  chifres,  rabos  pontudos, tridentes,  dentes  afiados,  pés  de  bode  e  cabras.  Os  Exus  são  constantemente
confundidos com os kiumbas (espíritos inferiores que gostam de praticar o mal), que segundo  as  estórias  perpetuadas  pelos  terreiros,  adquirem  qualquer  forma  e  são mistificadores. 
Hierarquicamente  os  Exus  estão  acima  dos  kiumbas  e  abaixo  dos  guias espirituais  e  orixás  de  cada  terreiro.  Dentro  da  corrente  de  Exu,  existem  várias subcorrentes  que  são  classificadas  pelos  seus  nomes:  Exu  Tranca-Ruas,  Exu Quebra-Galhos,  Exu  Zé  Pelintra,  Exu  Caveira,  Exu  do  Lodo,  Exu  Veludo,  e mais uma infinidade de nomes. Cada uma destas subcorrentes contém uma infinidade de espíritos que atendem pelo nome genérico de cada entidade.  Isto explica o  fato de poder existir em um mesmo terreiro, dois ou mais Exus Tranca-Ruas ou Zé Pelintras incorporados. Os  trabalhos  de  culto  a  Exu  dentro  dos  terreiros  de  umbanda  são
caracterizados de duas maneiras:


1) como giras de Exu (trabalhos em que os exus
incorporam  em  seus  ‘cavalos’)

 
2)  Pontos  firmados,  oferendas  e  despachos (trabalhos  em  que  os  exus  atuam  invisivelmente,  ou  seja,  sem  a  necessidade  de incorporação destas entidades).

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