Dentro de sua ousadia, esses obsessores envolvem o
médium dando-lhe “poderes” e sensações prazerosas em nível de terra. Atendem
rapidamente as necessidades mais mundanas do médium e se apresentam como “solucionadores”
de diversas questões. Mas ainda não é aí que começa a cobrança. O médium
empolgado desvia-se ainda mais, começa a procurar lugares onde haja o mesmo
tipo de afinidade vibratória, e tudo que estudou recebe outra conotação. Começa
a atender pessoas em casa e a pedir, sugestionado pelos obsessores, os
elementos que irão satisfazer as necessidades deles, e não vê nada de mal em
cobrar também pelo trabalho que irá executar. Afinal tem que “salvar o santo”,
“salvar o chão”, e salvar não sei mais o que.
A pessoa que foi pedir, poderá ou não receber a
“graça”, ou seja, a solução tão desejada, mas certamente ela receberá algumas
tantas companhias que turvarão ainda mais sua mente já tão conturbada e
perturbada pela dor. Neste caso em especial, não receber a “graça” é que é a
verdadeira graça, pois é sinal que a pessoa não está tão envolvida assim com a
espiritualidade inferior.
O segundo aspecto desta questão é quando envolvem
o sagrado nome da Umbanda nestes trabalhos. A Umbanda não se presta a este tipo
de coisa. Quem assim o diz está desviado de seu caminho. A Umbanda trabalha
justamente para combater o astral inferior e não compactua com obsessor, mas o
orienta e doutrina, ao contrário também do que muitos pensam.
Neste embate a primeira linha que é utilizada pela
Umbanda é a linha de Exu e Pomba Gira, porque são as entidades determinadas
pelo Astral Superior para esse trabalho em função de suas características
vibratórias, a sua enorme capacidade de manipulação energética e seu profundo
conhecimento das armadilhas do astral inferior. Exu trabalha para ascender às
hostes superiores, ou seja, para um dia vir a ser um Caboclo ou Preto Velho,
portanto jamais irá se deixar seduzir por armadilhas que ele tão bem conhece.
Além do mais, Exu trabalha sob as ordens de espíritos superiores que são os
enviados de Orixá. Logo, por dedução simples e lógica não faz sentido a
afirmação de que Exu faz tanto o mal quanto o bem, que não sabe diferenciar um
do outro; isso significaria inocência, coisa que está longe de ser uma das
características de Exu; além de significar que Exu seria um idiota, e não um
espírito de luz, guardião e defensor.
Exu é passional? Sim, Exu é passional, mas não é
bobo e muito menos violenta o livre arbítrio de ninguém, portanto Exu não bate,
não exige oferenda especial nenhuma, utiliza sim os elementos quando oferendados,
única e exclusivamente para manipular as energias volatilizadas para a
consecução dos objetivos propostos pelo Astral Superior, e o mesmo não propõe
que o Exu beba.
Umbanda Mitos
e Realidades - Capítulo 11 – Algumas Mensagens Especiais - Iassan Ayporê
Pery