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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O poder do Sal Grosso

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfhRdbcsHfDjRbTcRDfq_orBRBjXPZTnVmcGHIHXGbN4eKstRjjEhWeuWnt7botZmhYIynayWBFYirjW83hKnYE-4Obo8YCZ7hklvV-D0MwxZeMkWftNtdEXEaP2ih7vBU-UjgW_9IQEQ/s400/banho-sal-grosso-4-300x199.jpgQuem diria, o sal grosso tem o mesmo comprimento de onda da cor violeta! Interessante!!!
O sal grosso é considerado um potente purificador de ambientes. Povos distintos usam o sal para combater o mau-olhado, e deixar a casa a salvo de energias nefastas.
O sal é um cristal e por isso emite ondas eletromagnéticas que podem sermedidas pelos radiestesistas. Ele tem o mesmo cumprimento de onda da cor violeta, capaz de neutralizar os campos eletromagnéticos negativos. Visto do
microscópio o sal bruto revela que é um cristal, formado por pequenos quadrados ou cubos achatados. As energias densas costumam se concentrar nos cantos da casa. Por isso,*colocar um copo de água co m sal grosso ou sal de
cozinha equilibra essas forças e deixa a casa mais leve. Para uma sala média onde não circula muita gente, um copo de água com sal em dois cantos é suficiente. *
Em dois ou três dias já se percebe a diferença. Quando formam-se bolhas é hora de renovar a salmoura.
A solução de água e sal também é capaz de puxar os íons positivos, isto é,as partículas de energia elétrica da atmosfera, e reequilibrar a energia dos ambientes. Principalmente em locais fechados, escuros ou mesmo antes de uma tempestade, esses íons têm efeito intensificador e podem provocar tensão e irritação.
A prática simples de purificação com água e sal deve ser feita à menor sensação de que o ambiente está carregado, depois de brigas ou à noite no quarto, para que o sono não seja perturbado.
 
Banho de sal grosso e o antigo escalda-pés (mergulhar os pés em salmoura bem quente) têm o poder de neutralizar a eletricidade do corpo. Para quem mora longe da praia é um ótimo jeito de relaxar e renovar as energias. Já foi considerado o ouro branco (salmoura para conservar alimentos).
 
Os povos foram desenvolvendo técnicas de usar o sal, como as abaixo descritas:
 
Uma pitada de sal sobre os ombros afasta a inveja.
 
Para espantar o mau-olhado ou evitar visitas indesejáveis, caboclos e caipiras costumam colocar uma fileira de sal na soleira da porta ou um copo de salmoura do lado esquerdo da entrada .
 
A mistura de sal com água ou álcool absorve tudo de ruim que está no ar, ajuda a purificar e impede que a inveja, o mau-olhado e outros sentimentos inferiores entrem na casa.
**Depois de uma festa, lavar todos os copos e pratos com sal grosso para neutralizar a energia dos convidados, purificando a louça para o uso diário.
 
Tomar banho de água salgada com bicarbonato de sódio descarrega as energias ruins e é relaxante. O único cuidado é não molhar a cabeça, pois é aí que mora o nosso espírito e ele não deve ser neutralizado.
 
 Na tradição africana, quando alguém se muda, as primeiras coisas a entrar na casa são: um copo de água e outro com sal. Usam sal marinho seco, num pires branco atrás da porta para puxar a energia negativa de quem entra. Também
tomam banho com água salgada com ervas para renovar a energia interna e a vontade de viver.
 
No Japão, o sal é considerado poderoso purificador. Os japoneses mais tradicionais jogam sal todos os dias na soleira das portas e sempre que uma visita mal vinda vai embora. Símbolo de lealdade na luta de sumô. Os campeões jogam sal no ringue para que a luta transcorra com lealdade.
 
 Use esse poderoso aliado!
 
É barato, fácil de encontrar, e pode lhe ajudar em momentos de dificuldade e de esgotamento energético!
 
 *Modo de tomar o banho de sal grosso:*
Após seu banho convencional, deixe um punhado de sal grosso escorrer do pescoço para baixo, embaixo da água da ducha. Uma opção que agrada muitas pessoas, é colocar um punhado de sal dentro de uma meia, e repousar esta na
nuca (atrás do pescoço) debaixo da ducha. Não é aconselhável banhos frequentes com o sal.
De preferência para os banhos na fase da Lua Cheia, utilize velas no banheiro, e se quiser ativar sua intuição, apague as luzes do banheiro.
 
*Benefícios de banhos e escalda pé com sal grosso:*
*Fisiológicos•*
 
Ajuda a desintoxicar o corpo e afastar os vírus
• Estimula a circulação natural para a melhoria da saúde
• Ajuda a aliviar o pé do atleta, calos e calosidades
• Relaxa a tensão, dores musculares e nas articulações
• Ajuda a aliviar artrite e reumatismo
• Ajuda a aliviar a dor lombar crônica
 
*Benefícios estéticos:*
 
Tira as impurezas da pele.
Alivia irritações da pele como psoríase / eczema
 
• Alivia comichão, ardor e picadas
• Suaviza e amacia a pele
• Incentiva a pele se renovar
• Ajuda a curar as cicatrizes
• Restaura o equilíbrio a umidade da pele
 
*Ocupacional *
 
Alivia o cansaço, os pés doloridos e os músculos da perna.
Alivia a tensão nas mãos e punhos
Ajuda a aliviar lesões no desporto Psico-física
Proporciona um relaxamento profundo.
Ajuda a aliviar o estresse e tensão
 
Fonte: http://ceuesperanca.com.br/textos/o-poder-do-sal-grosso/

Linha Cigana do Oriente

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSRiNioFX-5liKj98S3bsmg4xv5JvzLRFBo13uLr7cbnQPcxKdpNToLkGltmzDhD893FXofedekUE9F7jZCSknuLtZDsg5BCvDHJxpQvDcoJPuWSZ41C-Fhh6NEkZiiPd39ViPHZxV1_bI/s400/ciganos+do+oriente2222.jpg As Falanges destas Legiões estão incumbidas de ensinar aos habitantes da Terra, coisas para eles desconhecidas. São grandes Mestres do Ocultismo.
O Povo do Oriente fala pouco e, quando o faz, o seu linguajar é bastante correto. Não gostam de dar consultas. Raramente usa o termo "chefia de cabeça" e sempre demonstram muita sabedoria e amplos conhecimentos filosóficos e esotéricos. Na Umbanda, são chamados de  Mestres da Linha do Oriente (egípcios, tibetanos, chineses, gauleses, chineses, japoneses, ciganos, mongóis e egípcios, etc.). Normalmente atuam de forma discreta, intuindo seus médiuns para que
entendam o que está se passando. São importantíssimos na transmissão de mensagens de entidades ou espíritos de nível hierárquico superior, devido a linha de desenvolvimento mental da qual participam. Também atuam na destruição de  magias, libertando o espírito. , estimula no médium o caminho da evolução espiritual através dos estudos, da meditação, do conhecimento das leis divinas, do amor, da verdade, da ciência, da arte, do belo, o caminho da ascensão espiritual, fazendo-o eliminar da sua vida tudo o que é pernicioso, incentivando-os a fazer a renovação interior.
Xangô sincretizado com São João Batista, é o patrono da linha do oriente, na qual se manifestam espíritos mestres em ciência ocultas, astrologia, quiromancia, numerologia, cartomancia. Por este motivo, a linha dos ciganos vem trabalhar nesta energia, nesta irradiação divina.
 
Os Ciganos na Umbanda
Estão na Umbanda por uma necessidade lógica de trabalho e caridade. Encontrou na Umbanda o toque dos atabaques e passaram a se identificar com os toques e com os pontos a eles cantados.
Tal aproximação se deve ao fato da necessidade da adaptação ao culto que hoje mais se identificam e se apresentam. Povo muito rico em histórias e lendas, muitos presenciaram fatos históricos do tipo queda da bastilha na França antiga, destrono de reis famosos como Luís XV, guerras.
Dentro de Umbanda seus fundamentos são simples, não possuindo assentamentos ou ferramentas para centralização da força espiritual. São cultuados em geral com imagens bem simples, com taças de vinho, doces finos e cigarrilhas doces. Trabalham também com as energias do Oriente, com cristais, pedras energéticas e com os quatro elementos da natureza.
Tem em Santa Sarah Kali a sua mentora espiritual e seguem as orientações necessárias para o bom andamento das missões espirituais.
Linha do Oriente é uma  parte da herança da Umbanda brasileira. Ela é composta por inúmeras entidades, classificadas em sete falanges de origem oriental. Apesar disso, muitos espíritos desta Linha podem apresentar-se como caboclos ou pretos velhos.
O Caboclo Timbirí (caboclo japonês) e Pai Jacó (Jacob do Oriente, um preto velho bastante versado na Cabala Hebraica), são os casos mais conhecidos. Hoje em dia, ganha força o culto dos Caboclos Pena, entidades que trabalha com as forças espirituais divinas de origem indiana.
Mas nem todos os espíritos são orientais no sentido comum da palavra. Esta Linha procurou abrigar as mais diversas entidades, que a princípio não se encaixavam na matriz formadora do brasileiro (índios, europeus, africanos e ciganos).
A Linha do Oriente foi muito popular de 1950 a 1960, quando as tradições budistas e hindus se firmaram entre o povo brasileiro. Os imigrantes chineses e japoneses, sobretudo, passaram a frequentar a Umbanda e trouxeram seus ancestrais e costumes mágicos.
Antes destas datas, também era comum nesta Linha a presença dos queridos espíritos ciganos, que possuem origem oriental. Mas tamanha foi a simpatia do povo umbandista por estas entidades, que os espíritos criaram uma "Linha" independente de trabalho, com sua própria hierarquia, magia e ensinamentos. Hoje a influência do Povo Cigano cresce cada vez mais.
 
Oração para o Povo do Oriente
 
Salve ó Bandeira Branca, Salve São João Batista, Salve estrela de David, e seus seis lados, Mestre Jesus, Buda, Santa Maria Madalena, Santa Sara Kali, São Lázaro, arcanjos, serafins, querubins, anjos protetores nos auxiliem neste momento, nesta corrente de luz, rogai ao Arquiteto do universo, a Alá, em nosso favore, levai nossos pedidos para que eles sejam aceitos.
São Miguel, São Rafael, São Gabriel, Baltazar, Melchior, Gaspar, Reis do oriente, venham nos ajudar forças egípcias, chinesas, indianas, árabes, ciganos, beduínos, videntes, profetas, magia de ponto, de pó, astrologia, pura manifestação das almas batizadas em águas sagradas.
Salve o Povo do Oriente!
Salve os quatro cantos do mundo!
Guerreiros, reis, príncipes, Santos e Santas do bem, doutores de branco, doutores da lei, mandamentos sagrados, sangue, suor, vitória de homens coroados.
Baptista é quem nos comanda, fonte de pura energia, pirâmides preciosas, rosas brancas no deserto, luz em nossas vidas, amparo de almas, linha branca bendita.

sábado, 18 de agosto de 2012

Poema de Exu


Ao passar na encruzilhada,
em noite de lua cheia,
no silêncio da escuridão,
ouvi uma gargalhada.
Era um homem vestido de negro.
Tinha um tridente na mão,
e usava uma capa encarnada.

Ao questioná-lo quem era,
sorriu, e falou assim:
Para si, meu nome é Exu,
mas muitos me chamam de Fera.
Sou guardião dos caminhos,
sou carrasco dos perdidos,
de todos eu estou á espera.

Em tempos, já fui seu igual.
Hoje vivo no mundo dos mortos,
mas caminho no meio dos vivos.
Conheço o bem, mas também o mal.
Ajudo quem pede, se for de justiça.
Puno a maldade, puno a vaidade, e puno a cobiça.
Exu é meu nome, me chame de tal.

Almada, 6 de Junho de 2008

Extrato da obra - "Orixás em Poesia" de Paulo Lourenço (Ramiro de Kali) Copyright @ 2008

Mascaras Africanas

O Papel das Máscaras na Cultura Africana
A máscara é um objeto que causa um fenômeno intrigante, qualquer individuo pode se tornar outra pessoa por debaixo de sua cobertura. Este processo de transformação é apreciado por diferentes culturas para simbolizar seus ancestrais e divindades na maioria dos rituais. Para alguns grupos, como tribos africanas, o poder da máscara vem desde o período de migração dos antigos povos. Algumas são criadas para assegurar colheitas férteis, fator muito importante na maioria das sociedades africanas, outras representam um papel sagrado na vida do indivíduo africano vindo desde sua infância até o momento de seu enterro. A máscara é vista como um símbolo e instrumento dentro de diversas comunidades facilitando a identificação de qualquer família ou clã dentro de seus ciclos.
A maioria das máscaras é feita de madeira, devido a sua abundância natural nas florestas. Os escultores selecionam freqüentemente os tipos diferentes de madeiras com várias razões em mente. Para o africano, a árvore é um ser vivo com alma, assim eles a cultuam com vestimentas acreditando que elas tenham uma vida melhor até o momento de seu corte ou morte natural. Elas também possuem espíritos que habitam seu interior, este fato leva o escultor a consultar freqüentemente um Bàbáláwo, que realiza cerimônias de purificação e oferece um sacrifício para satisfazer o espírito da árvore com antecedência. Assim que a árvore é cortada, o escultor chupa sua seiva para alcançar uma fraternidade com o este mesmo espírito, fazendo com que ele possa achar uma nova moradia em outro lugar. O escultor acredita que este espírito transfere uma parte de sua força à máscara ou escultura, tornando-as poderosas. O talento do escultor em fazer máscaras sagradas se assemelha ao de um mestre que utiliza muita filosofia e sentimento em seus ensinamentos e doutrina. A madeira fresca é verde e macia, fator que facilita o trabalho do escultor, que por muitas vezes esfrega óleo de palma na peça para reduzir a velocidade no processo de secagem.

Geralmente a madeira apresenta várias manchas de sangue causadas pelos ritos de sacrifício a fim de simbolizar seu valor e poder. O escultor retira somente o excesso destas manchas amolecendo sua superfície com materiais orgânicos como folhas, peles de animais e arenito. A pintura é feita com a extração de tinturas vindas de folhas, frutos, alguns legumes e até mesmo da terra.
Existem outros tipos de máscaras feitas com outros materiais como pano, ráfia, conchas, contas, dentes, ossos, fibras vegetais e pedaços de metal. As Máscaras retratam variedades faciais que podem ser abstratos, animais, uma combinação de características humanas como expressões amedrontadoras exageradas ou alegres e festivas, além de se diferenciar através de suas várias formas e tamanhos diferentes. Algumas Máscaras ficam presas diretamente na cabeça do dançarino, outras podem se sustentar frente à face presa na fantasia ou coberta de cabeça, como também existe um tipo parecido com um grande capacete que cobre a cabeça inteira e fica descansada sobre os ombros. Existe também uma máscara de panos bem grossos que tem uma aparência quadrada que fica presa na coroa da cabeça, unida a uma fantasia que cobre o corpo inteiro até os dedos dos pés. O dançarino olha por uma abertura no material da fantasia ou por um fino pano negro que lhe cobre face. O efeito é fazer o dançarino se aparecer com um antigo sacerdote, confirmando a convicção que ele é um espírito sobrenatural. São de dois modos primários as funções das máscaras africanas: o primeiro é utilizado em cerimônias públicas com participação de audiência; e o segundo provê uma cerimônia privada para sócios de uma sociedade secreta. Elas exercem funções nos principais rituais comuns como funerais, cultos de antepassado, iniciações e mitos que podem ser representados por máscaras de animais mitológicos, heróis e até mesmo o sol e a lua.
A fertilidade e aumento de humanos, animais ou a terra estão entre as preocupações mais vitais do africano. Ele depende de harmonia com a natureza e seus Deuses. Sendo assim, as festividades agrícolas são periodicamente celebradas ao longo das fases diferentes da estação crescente, de clarear a terra a encher as reservas de comida. Os altos sacerdotes utilizam suas máscaras durante todas as festividades representando uma comemoração teatral de suas divindades e ancestral, mostrando o conceito básico que a terra pertence aos antepassados. Uma colheita próspera depende da bênção deles e do testemunho do Ser Supremo. Observem que não estou representando diretamente os Òrìsà ou Olódùmaré simplesmente por estar falando de várias tribos e cidades diferentes de toda África. Os ritos funerários e o culto de espíritos ancestrais estão entre os rituais mais difundidos no mundo. Estes cultos são relacionados a uma larga variedade de ocorrências extremamente importantes, como a fertilidade da terra, seus animais e seres humanos. Os africanos acreditam que aqueles que morrem e são enterrados, fertilizam a terra com suas almas. Sendo assim, a terra pertence a eles, os antepassados, que são invocados para comemorar junto com seus familiares à harmonia do presente momento. Eles são vestidos com belas roupas que seriam preparadas justamente para o momento do retorno após a morte, como também utilizam as máscaras que simbolizavam suas identidades dentre os outros membros da comunidade. Para as sociedades secretas, os ritos de passagem acontecem quando um homem se move de um ciclo a outro em suas fases da vida. Nenhuma transição é mais importante que a passagem de adolescente para adulto, lhe dando direito de se tornar um sócio responsável da sociedade. As Máscaras que são usadas nas sociedades secretas servem para manter em segredo várias cerimônias de iniciação.

Há vários tipos de sociedades secretas, mas o propósito principal delas é manter as leis e o exercício de controle social e político em cima das atividades comunitárias. Podemos concluir que as máscaras são símbolos que ilustram pessoas diferentes em diversas partes de sua cultura, estando presente no nascimento, adolescência, maioridade, matrimônio e morte. Embora estas passagens são semelhantes em toda natureza, nossas interpretações destes rituais ou cerimônias mostram que sempre esteve bem centralizada a formação social africana que até hoje continua mascarada para muitos outros povos.
Texto de:
Awò Fagbenusola - Sacerdote da Indigenous Faith of African Tradition, Isin Egúngún ati Orò.
Responsável pela Ègbé Awò Omo Egúngún Onífe. Maricá / RJ - Brasil
As Máscaras nas Sociedades Africanas
Os domínios de intervenção
A máscara não é, na realidade, esta figura esculpida que costumamos ver, ela é uma personagem, um ser que representa por sua vez, uma divindade e uma força da sociedade humana. No momento em que alguém a enverga, seu portador está investido dos atributos reconhecidos de certa força divina ou social.
A máscara resulta numa variedade de domínios de intervenção que atesta a variedade de suas funções. Podemos distinguir quatro domínios de intervenção.Á máscara intervêm nas cerimônias de iniciação, nos ritos ligados ao nascimento e nas cerimônias funerárias; ela pode também dirigir os ritos de adoração. Nesse domínio estritamente religioso, as máscaras servem de proteção contra os espíritos maléficos e desempenham um papel de intermediários entre os deuses e os homens.A máscara regula os litígios da paz e da Guerra e suas decisões são então irrevogáveis; no plano estritamente político as máscaras dão as diretrizes políticas aos responsáveis pelos destinos da comunidade; enfim asseguram a segurança das vilas e funcionam como policias das cidades. São ainda os mascarados que trocam informações em caso de necessidade.
A máscara desempenha um papel na vida económica porque deve velar pelo bom desempenho das semeaduras e das colheitas, intervir para apaziguar os deuses no caso das calamidades naturais que poderiam prejudicar a vida agrícola e ameaçar a sobrevivência da comunidade.

As representações, as festas contam ainda com as máscaras para as danças, o canto e os desfiles mascarados. Estes domínios de intervenção correspondem ainda a funções sociais importantes desempenhados pelos mascarados. Mas cada função pede um tipo de máscara apropriada e a hierarquia das funções corresponde a uma hierarquia das máscaras. A função fundamental é de manter a ordem.

A máscara é encarregada de manter a ordem do mundo, das sociedades e das famílias. A máscara intervêm para regularizar a ordem cósmica, ameaçada pelos interditos contra as leis sociais e naturais. Em face das calamidades naturais e das catástrofes humanas, as máscaras ordenam os sacrifícios para reparar os efeitos das transgressões que são a causa de todos esses males.

Elas devem também velar pela rectitude dos modos sociais e manter os interditos que fundam a estrutura das famílias e das cidades.

Enfim as máscaras de sabedoria ou grandes máscaras decidem por derradeiro as causas que a justiça comum não consegue regular. Sua intervenção nos problemas da guerra ou da paz visa também preservar a ordem social. Mas uma questão nos vem ao espírito: porque a necessidade de recorrer à máscara para assegurar a unidade social?

Para manter a ordem na sociedade e no mundo, os homens tem tido a necessidade da autoridade dos deuses, dos espíritos e dos ancestrais. As máscaras encarnam os depositários naturais e sobrenaturais de autoridade. Elas funcionam como os fundamentos da lei, fonte da ordem e da energia. Assim, a sacralização da autoridade através de sua investidura (da máscara) torna-se um meio de assegurar a legitimidade e a energia necessária. As máscaras aparecem então, em última análise, como aparelhos ideológicos da sociedade tradicional africana que asseguram a conservação da ordem natural e a procura do equilíbrio e da luta contra a anarquia. Elas exprimem também a situação das sociedades que procuram não romper a continuidade primordial entre o mundo dos homens e o dos deuses, entre o natural e o sobrenatural.

Tradução livre do francês pelo Prof. Dr. Sérgio Paulo Adolfo – Tata Kiundundulu

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Tentando Explicar o Trabalho de Exu na Umbanda

Há que se entender de uma vez por todas que Umbanda e Candomblé são religiões absolutamente distintas, que guardam muito mais diferenças do que semelhanças.
        É como querer comparar a religião Católica com a Evangélica. Existem semelhanças? Sim como, por exemplo, os nomes de alguns Orixás, mas a forma de entendimento do que seja Orixá e principalmente a forma de culto a esses Orixás é absolutamente diferente.
        Com Exu não poderia ser diferente. O Candomblé o entende como sendo Orixá ou ainda nas palavras de Pierre Verger:
         “Exu é a figura mais controvertida dos cultos afro-brasileiros e também a mais conhecida. Há, antes de mais nada, a discussão se Exu é um Orixá ou apenas uma Entidade diferente, que ficaria entre a classificação de Orixá e Ser Humano. Sem dúvida, ele trafega tanto pelo mundo material (ayé), onde habitam os seres humanos e todas as figuras vivas que conhecemos, como pela região do sobrenatural (orum), onde trafegam Orixás, Entidades afins e as Almas dos mortos (eguns).”
        Como a nossa discussão não diz respeito as interpretações do Candomblé, visto se tratar de outra religião, nos ateremos a Umbanda onde Exu não é Orixá. Não é Orixá porque Orixá é energia emanada de Zambi (Deus), representada na terra através das Forças da Natureza. Orixá é potencia de Luz.
 Origens
         A título de curiosidade apenas, ressalto que existem várias correntes que afirmam diferentes origens para a palavra Exu, a saber:
            "A primeira corrente afirma que a palavra Exu seria uma corruptela ou distorção dos nomes Esseiá/Essuiá, significando lado oposto ou outro lado da margem, nomenclatura dada a espíritos desgarrados que foram arrebanhados para a Lemúria, continente que teria existido no planeta Terra.
            A Segunda corrente assevera que o nome Exu seria uma variante do termo Yrshu, nome do filho mais moço do imperador Ugra, na Índia antiga. Yrshu, aspirando ao poder, rebelou-se contra os ensinamentos e preceitos preconizados pelos Magos Brancos do império. Foi totalmente dominado e banido com seus seguidores do território indiano. Daí adveio a relação Yrshu / Exu, como sinônimo de povo banido, expatriado.
            A terceira corrente afirma que o nome Exu é de origem africana e quer dizer Esfera.
            Saliente-se que entre os hebreus encontramos o termo Exud, originário do sânscrito, significando também povo banido." (Retirado do site de Jurema de Oxalá)
        Como disse anteriormente, é apenas a título de curiosidade, pois nada disso interfere no trabalho de Exu nos terreiros de Umbanda.
 Mitos
          Isto esclarecido passemos a tentar esclarecer alguns pontos que são mitos dentro da Umbanda. Mitos que foram criados por pessoas que não entendiam o verdadeiro trabalho de Exu na Umbanda, aliás não entendiam o verdadeiro trabalho da Umbanda.
           A Umbanda em sua dinâmica básica lida com espíritos dos mais variados graus de evolução. As entidades, guias e mentores que se apresentam nos terreiros exercem um trabalho incansável contra as forças trevosas.
           A origem de qualquer coisa em uma religião tem a ver com a função dela dentro da mesma.
           Na Umbanda a origem de Exu está em função da necessidade de existirem guardiões, encaminhadores e combatentes das forças trevosas. Trabalho básico da Umbanda. Por isso se diz que “Sem Exu não se faz nada”. Isso não porque Exu não deixa, porque é vingador, traíra ou voluntarioso como querem fazer pensar algumas lendas sobre Exu, mas sim porque não há como combater forças trevosas sem defesa e proteção.
           Então pode vir a pergunta: “Então nossos guias (caboclos e pretos velhos) não nos protegem e defendem?” Claro que protegem e defendem, entretanto cabe a Exu o primeiro combate, o combate direto contra as energias que circulam no Astral Inferior. Esta é a especialidade de Exu, pois conhece profundamente os caminhos e trilhas desse ambiente energético. É a sua função primeira, assim como a dos Caboclos e Pretos Velhos é a de nos orientar e aconselhar.
           Tudo na Umbanda é organizado, coerente e lógico.
           Tendo isso em mente, um segundo mito a ser desfeito diz respeito a confiabilidade de Exu. Como disse anteriormente, Exu não é traíra! Qual a lógica de Orixá e entidades de luz o colocarem como guardião, defensor se ele fosse “subornável”, se ele não fosse confiável?
            Seguindo o mesmo raciocínio outro mito que não tem base alguma é “Exu tanto faz o mal quanto faz o bem e depende de quem pede. Nós é que somos os maus na história”. Não existe “defesa” pior para Exu do que esta, pois trata-se de outra incoerência! Se uma criança sabe diferenciar o bem do mal, como Exu, conhecedor de segredos de magia, manipulador de magia, defensor, combatente de forças trevosas possa ser tão imbecil a ponto de não diferenciar o bem e do mal e o que é pior trair a confiança de Caboclo e Pretos Velhos? E ainda por cima não ter nenhum tipo de aspiração evolutiva, ou seja, ficar sempre entregue a mercê de nossa vontade nunca aspirando evoluir?
            Aí vem outra pergunta: “Mas eu fui num terreiro e disseram que o trabalho contra mim foi feito por um Tranca Ruas”. Resposta: o trabalho foi feito por um obsessor se passando por Tranca Ruas. Aliás, obsessor se passa por tudo, inclusive por enviado de Orixá, como Caboclo e Preto Velho.
            E por que isso acontece? Por causa de médiuns invigilantes. Médiuns pouco compromissados com o Astral Superior, médiuns e dirigentes ignorantes. Médiuns e dirigentes que buscam os terreiros de Umbanda para satisfazer as suas baixas aspirações, como válvulas de escape para fazerem “incorporados” o que não tem coragem de fazer de “cara limpa”! Médiuns de moral duvidosa que gritam, xingam, bebem, dançam de maneira grotesca para uma casa religiosa e imputam a Exu esses desvarios. Caso estejam realmente incorporados estão na realidade é sofrendo a incorporação de kiumbas (que são espíritos moralmente atrofiados ou que buscam apenas tumultuar o ambiente). Nunca um Exu ou Pomba Gira de verdade irá se prestar a um papel desses.
            Outro ponto que gera muita confusão diz respeito a incorporação de Exu, pois já ouvi a pergunta: “Se ele é guardião, quando está incorporado não está “guardando” nada.”  Novamente a lógica e a coerência devem falar mais alto do que a ignorância e a incredibilidade.
            O Exu Guardião não é o que incorpora nos terreiros. Os que incorporam são Exus de Trabalho (como eu costumo chamar), de defesa pessoal do médium. Esses Exus também participam dos trabalhos junto aos Exus Guardiões e Amparadores no combate as forças do Astral Inferior, mas os Exus de Trabalho tem um outro tipo de compromisso que é com a Banda do médium e para com a Casa a qual o médium está. Por isso respeitam o templo religioso e não induzem o médium a embriagues, algazarra ou a comportamentos chulos e deselegantes.
            São espíritos de luz em busca de evolução. Que estão altamente compromissados com as esferas superiores, com os guias e protetores do médium e com toda a egrégora de luz da Casa na qual o médium está inserido. Trabalhando diretamente com esta egrégora eles auxiliam no combate e encaminhamento dos espíritos que são atraídos pela corrente de desobsessão do terreiro que fazem parte. A exemplo de Nossa Casa os Exus de Trabalho de cada médium participam diretamente dos trabalhos realizados pela Corrente de Desobsessão e Cura de Caboclo Pena Branca.
            Entretanto, cabe lembrar, que o estágio evolutivo de Exu de Trabalho está abaixo de Caboclo e Pretos Velhos. Isso não significa que não sejam evoluídos apenas encontram-se num estágio abaixo. Sua energia é mais densa. Conseqüentemente a sua vibração ou energia de incorporação está mais próxima (ou mais similar) a vibração de terra, exigindo do médium um nível de elevação diferenciado do que quando vai incorporar um Caboclo ou Preto Velho ou até mesmo outro enviado de Orixá. Ou seja, quando o médium se prepara para a incorporação, ele tem que se concentrar e elevar a sua própria vibração, enquanto a entidade incorporante baixa a sua. Quanto mais evoluída for a entidade incorporante, mais sutil é a sua energia e mais exigirá do médium concentração e elevação para a incorporação.
            Outro aspecto a ressaltar é que esse estágio evolutivo não impede Exu de trabalhar conjunta e harmoniosamente com entidades mais evoluídas, até porque além de trabalharem sob as suas ordens, ou seja, sob as ordens de enviados de Orixá, a questão “hierarquia” é muito bem resolvida no Astral Superior. Lá não existem “disputas” pelo “poder” ou se questiona quem “manda”. Todos estão conscientes de seus papéis e do trabalho que precisa ser realizado, além de trabalharem com um mesmo objetivo, a Caridade!
            A palavra de ordem de Exu é “compromisso”! Por tudo isso ele não é e nem nunca foi traidor ou do “mal”.
 Sobre a Incorporação de Exu
             Exu e Pomba Gira quando incorporados em seus médiuns, podem se apresentar de duas maneiras básicas: alegres ou sérios. Mas mesmo na alegria não há desrespeito ou comportamentos inadequados a um templo religioso.
            E ainda vou mais longe, e o que vou dizer agora visa justamente desmistificar outro mito ligado a Exu. Quando o Exu é deselegante o médium também o é, só que disfarça quando não está “incorporado”.
            Esse médium invigilante e portador de moral duvidosa ao receber a energia de incorporação de Exu (que começa a se dar através da aproximação do mesmo), por ser uma energia bastante similar a nossa e justamente por estar mais próxima a crosta terrestre, onde o combate com o Astral Inferior se dá, passa a dar vazão aos seus sentimentos menores, influenciando e interferindo diretamente na incorporação do Exu, que assiste a tudo desconsoladamente. Transferindo para Exu sentimentos e comportamentos que são seus.
            Isso não chega a ser mistificação, ou seja, fingimento, porque existe a energia de Exu ao lado ou perto do médium. A mistificação envolve o fingimento puro e simples, sem envolvimento de energia ou proximidade de entidade alguma. Mas trata-se de animismo.
            A incorporação de Exu e Pomba Gira envolve a manipulação energética de chacras inferiores, e o que acontece no caso descrito acima é que o médium deliberadamente utiliza mal essa energia. Digo deliberadamente, porque isso envolve intenção, moral e mal aproveitamento da energia de Exu.
            Com a continuidade da insistência do médium em se utilizar dessa energia para a manifestação de seus desejos e aspectos menores, em pouco tempo há a queda do médium... O Exu se arranca e fica o que? Kiumba que assume o nome do Exu e aumenta os desvarios... E o médium não percebe porque no fundo usa a influência do kiumba (aliás, um usa o outro) para brigar com a mulher, encher a cara de cachaça, falar palavrão, fazer pedidos de oferendas nas encruzilhadas da vida, matança de animais e outras aberrações.
            Cabe a direção da Casa coibir veementemente esses comportamentos no seu nascedouro, ou seja, no médium e assim que começam acontecer. Chamando-o a realidade, orientando e desestimulando atitudes desse tipo. Tentando recuperar o médium. Mas se for o caso não deve pestanejar em tomar medidas drásticas para a solução do problema.
 Sobre a capacidade de manipulação energética de Exu
             Voltando a questão energética de Exu, já falamos que ele é um grande manipulador de energias, transfigurando-se em formas diferenciadas de acordo com o ambiente em que está.
            A exemplo disso vemos Exu se apresentando aos obsessores que irão combater em configuração que desperte medo e/ou respeito. Ele não poderia se apresentar a um “inimigo” como se fosse uma linda Cinderela... Isso não assustaria ninguém, então ele assume sim formas rudes, entretanto ele o faz por estratégia e não por serem deformados, e muito menos eles tem chifres, rabos e pés de bode como são tão mal retratados nessas imagens que encontramos em casas de artigos religiosos.
            Como Exu manipula energias para assumir outra configuração “física”? Em primeiro lugar há que se dizer que a forma original de Exu é humana, nada tem de partes de animais, porque os espíritos que compõe a falange de Exu são espíritos como nós, muitos são contemporâneos inclusive.
            Então Exu tem dois braços, duas pernas, uma cabeça, dois olhos, enfim... Assim como nós. Foram homens e mulheres normais das mais variadas profissões.
            Bem, em primeiro lugar em função do trabalho que irá executar ou da “batalha” que irá travar Exu estuda o ambiente que irá entrar, em seguida vibrando numa faixa bem acima do meio que irá adentrar, estuda os seus “adversários”, suas intenções, seus planos, seus graus de compreensão, seus medos, etc.
            Estabelece uma estratégia e assume a configuração que irá atingir o ponto fraco da maioria do grupo que irá combater. Lembrando que Exu não trabalha sozinho, isso é feito em agrupamentos sob a supervisão direta de um enviado de Orixá.
            Com isto vemos outra capacidade de Exu, vibrar em faixas diferentes de energia.
            E detalhe importantíssimo: tudo isso sem a necessidade de sacrifícios de animais e despachos em encruzilhadas, porque quem “recebe” tudo isso é kiumba! Lembrando ainda que isso dentro do Ritual de Umbanda!
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 Um Exemplo de Trabalho de Exu
 OBS: Essa história foi contada pela Pomba Gira Maria Padilha da 7 Encruzilhadas que trabalha na Egrégora do CECP, visando explicar algumas dinâmicas de trabalho. Os personagens dessa história receberam nomes fictícios.
        Carlos se dirige a um Centro de Umbanda aconselhado por um amigo, pois a sua vida está bastante complicada. Sua mãe vive doente, já tendo ido a diversos médicos sem sucesso na cura. O seu pai foi demitido da empresa que trabalhava há mais de 25 anos e vive deprimido e chorando pelos cantos. Ele mesmo desempregado há três anos, vê o seu filho adoecer sem condições de comprar o medicamento. A sua esposa, única ainda empregada, apresenta sérios indícios de fadiga mental e física.
        Ao chegar no centro descobre que é dia de consulta com Preto Velho. O seu amigo Cláudio, vai explicando a rotina da casa e como ele deve agir e pedir na hora da consulta.
        Chega finalmente a sua vez de se consultar, o seu pensamento está coberto de dúvidas, achando que estava chegando ao fundo do poço ao se dirigir a um terreiro de macumba, falar com uma pessoa que nunca viu antes na vida e abrir o seu coração, suas dúvidas e temores. Num primeiro momento acha graça da posição do médium todo curvado e do jeito de falar, não consegue se aquietar, mas o Preto Velho vai aos pouquinhos ministrando alguns passes e por fim Carlos começa a se abrir.
        O Preto Velho a tudo ouve, manifestando de tempos em tempos palavras encorajadoras para o aflito Carlos.
        Carlos não entende o por que, mas enquanto ele fala, o Preto Velho vai estalando os dedos em volta dele, olha discretamente para o copo d’água ao lado da vela, joga para cima a fumaça de seu cachimbo, e assim vai firmando e passando as informações para os guardiões que pertencem a egrégora da Casa, que através dos Exus de trabalho partem com a velocidade do pensamento para a casa de Carlos.
        Em dado momento, o Preto Velho que está “preso” ao corpo carnal do médium e conseqüentemente com sua visão limitada, utiliza alguns elementos magísticos e ritualísticos para proporcionar alívio ao Carlos.
        Diz no final da consulta que irá trabalhar para ele e toda a sua família, dá algumas recomendações sobre como rezar e elevar o pensamento a Deus e se despedem.
        Carlos tem alguma sensação de alívio, sente-se mais leve e confiante, mas ao mesmo tempo não acredita que meia dúzia de estalar de dedos vão “resolver” o seu problema... Incrédulo, mas não tão fraco retorna a sua casa sem nem imaginar que a batalha está apenas começando.
        O Preto Velho ao ver Carlos se levantar e ir embora sabe que a essa altura toda a egrégora da Casa já está se preparando para a batalha, e, apesar de ainda estar preso ao corpo do médium pelo processo de incorporação, pôde perceber que será grande.
        Mas ainda há o que ser feito em terra... Precisa descarregar o seu aparelho e o terreiro. Terminado o saravá ele parte indo se unir com os outros membros da egrégora.
        Com o término dos trabalhos, os médiuns começam a ir embora e no Terreiro de Umbanda se faz silêncio. Mas um silêncio apenas aos ouvidos humanos, pois os sons ali emitidos estão numa freqüência diferente dos sons conhecidos nessa Terra.
        E os médiuns pensam: “A gira terminou.”
        Não meus caros, a “gira” está apenas começando.
        A egrégora da Casa está reunida dentro do terreiro aguardando o retorno dos Exus de Trabalhos com as informações reais de cada consulta que foi realizada.
        Os Exus vão retornando, um a um.
        O Mentor da Casa assiste e faz intervenções quanto às deliberações do Alto, e os Chefes de Linha estabelecem o famoso “quem vai fazer o que”. Tudo isso ocorre em ambiente absolutamente harmônico e organizado.
        Exus, Caboclos e Pretos Velhos trocam impressões a respeito dos problemas apresentados e deliberam.
        Mas, voltando ao nosso amigo Carlos. (Nesse momento vou dar nomes fictícios também as entidades envolvidas nesse trabalho. Digamos que o Preto Velho que atendeu Carlos chama-se Pai Benedito e o Exu de Trabalho chamado por ele foi Exu Marabô).
        Quando Exu Marabô retorna com as informações a respeito do que encontrou na casa de Carlos, o diálogo que se dá é o seguinte:
Marabô: É, Pai Benedito, a situação lá está bem complicada.
Pai Benedito: Eu já suspeitava. O que você viu?
Marabô: A casa do moço Carlos foi totalmente absorvida por uma rede de energia que tem seres bem grotescos mantendo-a firme. Segui buscando a origem dessa rede e me deparei com uma construção logo acima da casa.
        Adentrando ao recinto vi uma inteligência poderosa por trás disso, mas sem nenhuma relação direta com nenhum dos envolvidos. Buscando entender a “trama” continuei procurando o porque daquilo e encontrei uma mulher bastante dementada, com um aparelho acoplado em sua nuca e pude “ler” seus pensamentos e “sentir” seus desejos que eram de vingança para com o pai carnal do moço Carlos. Vi também que eles ainda não sabem que o moço Carlos veio aqui no terreiro.
        Bem, em resumo: A inteligência envolveu essa pobre infeliz e prometendo-lhe “devolver” o pai do moço Carlos pra ela e suga suas energias que é retro-alimentada pelo sentimento de culpa que o pai do moço Carlos tem. Parece que foi uma aventura dele na juventude, só não me preocupei em saber se desta ou de outra vida, pois achei que os dados que tinha já eram suficientes para podermos trabalhar.

Pai Benedito: Sim, sim... Mais do que suficientes! Não estamos aqui para julgar ninguém. Isso cabe ao Pai. Bem, nesse caso teremos que destruir essa construção, mas precisamos primeiro recuperar a moça, e já que o pai de Carlos está involuntariamente retro-alimentando a construção, precisaremos de recursos para auxiliar os familiares também.
         Assim, Pai Benedito se dirige ao Caboclo Flecha Dourada, responsável pela corrente de desobsessão daquele terreiro e expõe a situação.
         Imediatamente o Caboclo determina que a Pomba Gira Figueira irá utilizar os seus elementos magísticos para que a equipe de resgate da Casa recupere a moça e quem mais tenha condições de tratamento e a “equipe de força” destrua a construção e todos os equipamentos dentro dela.
           Tarefas distribuídas, eles partem para a construção.
            Caboclos, Pretos Velhos e Exus guardam uma certa distância da construção e observam a Pomba Gira Figueira assumir uma configuração praticamente transparente.
            Ao chegar perto da construção percebe-se sair de sua boca uma espécie de fumaça enegrecida que começa a tomar conta do ambiente. Logo atrás dela, homens empurram uma espécie de carrinho, que lembram os carrinhos usados em minas de escavação de carvão.
            Conforme a Sra. Figueira vai entrando no ambiente tomado por essa fumaça negra, os seres que lá estão caem em profundo sono, sendo resgatados pelos homens e colocados dentro dos carrinhos. A ação dela é rápida. Ninguém percebe a sua presença.
            Quando todos são resgatados, a Sra. Figueira começa a manipular a energia dos instrumentos dentro da construção mudando sua forma, plasmando outras energias e transformando os instrumentos em bombas auto-destrutivas.
            Finalmente sai da construção e os Exus que compõe a “tropa de choque” ou “equipe de força” passam a detonar a bomba e a destruir a construção e a malha que envolve a construção material na Terra e a prender os seres grotescos que dão sustentação a malha no ponto da construção material.
            Caboclos e Pretos Velhos começam a tratar ali mesmo as inteligências retiradas da construção, colocando-os em macas e direcionando aos locais adequados aos tratamentos que irão receber, sob os olhos atentos dos Exus Guardiões, Amparadores e de Trabalho.
            Outros partem para a construção material e começam o trabalho individualizado entre os membros da família. Exus fazem o trabalho de limpeza e descarga, resgatando os “perdidos”, para serem encaminhados para os trabalhos de desobsessão da Casa de Umbanda, abrindo espaço e dando condições vibratórias para o trabalho dos Caboclos e Pretos Velhos que é o de inspirar pensamentos de perdão ao pai de Carlos, de esperança no próprio Carlos, saúde e bons eflúvios na esposa e mãe de Carlos. Através de passes magnéticos Caboclos e Pretos Velhos transformam o campo vibratório da casa e cuidam de seus moradores.
         Enquanto tudo isso ocorre a casa dorme, e todos são tratados em espírito.
         Enquanto isso os médiuns daquele terreiro também dormem em suas casas, mas alguns estão doando ectoplasma, auxiliando nos trabalhos de transmutação energética. Uns participando ativamente e outros observando e aprendendo, através do processo de desdobramento, assistem a boa parte dos trabalhos.
         Após o trabalho realizado o Mentor da Casa sorri.
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        É claro que todos sabem que de agora em diante é de acordo com o merecimento de cada um, de cada membro dessa família, tudo dependerá do quanto cada um irá lutar para melhorar, mas agora sem as “amarras” ou interferência do Astral Inferior.
        A Umbanda através de uma ação conjunta dos componentes da egrégora de uma Casa de Umbanda pôde proporcionar alívio, conforto e libertação aos membros da família e auxílio aos irmãos perdidos nas trevas da ignorância, do ódio, do rancor, do remorso e da culpa.
        Mesmo que Carlos nunca mais volte ao terreiro para agradecer a melhora, ou que nunca desperte para a ajuda que recebeu, mesmo que o pai de Carlos nunca se perdoe, a Umbanda se fez presente em Caridade e Amor!
         Agora diga com sinceridade, após ler tudo isso você ainda acha que Exu é o Diabo?
        Você acha que importa ficarmos discutindo se Exu, a Umbanda e seus Orixás vieram da Atlântida, da África ou do quintal da sua casa?
         Se ainda lhe resta alguma dúvida eu afirmo a minha certeza: a Umbanda nasceu do Coração de Zambi em Sua Infinita Misericórdia por nós! Porque só a Umbanda tem quem nos defenda e proteja independentemente da nossa ignorância nos impedir de reconhecê-los como bons e amigos!
        Obrigada Exu pela proteção, defesa e principalmente por ter tanta paciência com a nossa ignorância!
        Salve os nossos amigos, defensores e compadres! Saravá Exu e Pomba Gira!
Laroyê Exu!

Fonte: http://www.cablocopery.com.br

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

OS EXÚS, SEUS NOMES E SEUS SIGNIFICADOS OU REPRESENTAÇÃO

LINHAS
EXÚ GUARDIÃO SIGNIFICADO DO NOME

OXALÁ:

Exu SETE ENCRUZILHADAS

Representa os diversos caminhos abertos em nossas vidas; representa ainda o livre arbítrio professado na religião de Umbanda e consequ
entemente nossa liberdade na escolha de nosso próprio caminho.

IEMANJÁ E NANÃ:

Exu MARABÔ

MA:Verdadeiramente RA:envolver ABÔ: proteção - Aquele que envolveu perfeitamente com sua proteção ou Salve aquele cuja força protege.

OMOLU:

Exu CAVEIRA

Representa nossa mais profunda transformação, aquela onde nossa parte material já se encontra em profunda degradação e, no entanto, nossa alma permanece em evolução.
OXOSSI E OSSÃE:

Exu SETE CAPAS

Representa o momento de transição final; é o Exú da hora da passagem; responsável pelo corte do cordão fluídico no momento final dos filhos de Umbanda.

XANGÔ E IANSÃ :

Exu TIRIRI

TI: com grande força RIRI: valor e mérito Aquele que protege com grande força aos que tem valor e mérito.

OXUM E OXUMARÉ:

Exu VELUDO

Representa a doçura, a delicadeza mas também a força, a resistência. Representa ainda a riqueza material e espiritual trazidas pela Linha à qual serve.

OGUM E IBEJI:

Exu TRANCA-RUAS

Representa um grande poder de defesa para aqueles que a ele se dirigem; defesa contra aqueles que nos desejam o mal, contra nós mesmos e contra aqueles pensamentos e ações que tendem a impedir nossa evolução.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Pomba Gira (Part.II)

Pomba gira, é uma entidade que atua na umbanda....suas raizes remontam ao mito de lilith da mulher que não se submete aos homens.

Pomba Gira são as entidades mais polêmicas que conheci em todos os meus anos de estudo e trabalho. Muito se diz sobre estas entidades: que foram mulheres da vida e que ao morrer se transformaram, que são espíritos demoníacos, que pervertem a sexualidade das pessoas, afastam casais, aproximam, enfim, todo ti
po de adjetivos tem sido dada a essas grandes guerreiras do mundo astral. O que escrevo aqui sobre elas, é baseado nos meus anos de observação e convívio com a entidade, e obviamente poderá não ser a opinião de outros sacerdotes ou médiuns.

O conceito que formei sobre quem são elas é simples: são seres do mundo astral, guerreiras tanto quanto Exú, que estão bem próximas de nossa esfera humana, algumas já se reencarnaram e outras não. Cresci, convivendo na Umbanda e conhecendo de perto Maria Padilha, 7 Saias, Pomba Gira das Almas. Lembro-me que Maria Padilha tinha uma médium que a incorporava, e havia ganhado de presente de um cliente goiano uma enorme cobra. Quando referido senhor foi entregá-la, vi a entidade pegá-la, enrolar em todo o seu corpo e fazer com que ela bebesse da mesma champagne que estava bebendo. Todas as vezes que Maria Padilha vinha em terra, bastava abrir o viveiro e o réptil vinha ao encontro dela e ali permanecia em seu colo todo tempo de sua presença no médium. Tive oportunidade durante 8 anos de vê-la bem, assim como as outras que pertenciam a várias médiuns do terreiro, realizarem inúmeros trabalhos: ajudar a vencer obstáculos, a ser feliz no amor, vencer problemas de saúde de desarmonia conjugal, e muitas outras mazelas que as pessoas vinham trazer e buscar auxílio.


A Pomba-Gira se subdivide em uma enorme legião onde cada qual tem seu nome próprio, conforme sua área de atividade. Temos a linha das que pertencem às encruzilhadas como Pomba Gira Rainha das 7 Encruzilhadas, tendo a linha do cemitério liderada pela Pomba-Gira da Calunga, com sua legião. Temos a linha das ciganas, lideradas pela Pomba-Gira Cigana, a linha ligada aos locais ermos, sendo liderada pela Pomba-Gira, Maria Mulambo, entidade muito perigosa e poderosa nos casos de demanda, pois toda demanda entregue a ela dificilmente deixa de ter bom resultado. Com relação as suas manifestações nos médiuns, normalmente como mulheres, suas legiões podem adotar nomes femininos, como por exemplo: Pomba-Gira Rosa, mas pertencendo a esta ou aquela linha liderada pela chefe correspondente.


Não existem, conhecidos, filhos da entidade Pomba-Gira. Até alguns anos atrás se afirmava que ela não incorporava em filhos homens, mas hoje vemos muitos médiuns masculinos que incorporam alguma delas. É muito comentado que médiuns que as recebem acabam tendo suas vidas sexuais pervertidas, mas pela experiência do que assisti durante anos, essa perversão não existe, o que entra aqui em ação é o caráter do médium, que se aproveita do caráter sensual da entidade para expor seus recalques subconscientes. Não conheci nestes anos todos nenhuma mulher que desencaminhou sua moral por culpa de sua Pomba-Gira, por inúmeras vezes, cheguei a presenciar as Pombas Giras aconselhando suas médiuns no bom caminho e no respeito a seus companheiros. Nunca vi também nenhum homem se transformar sexualmente por culpa das entidades, o que vi ocorrer foram mudanças vir à tona, mas já existentes no caráter do médium.


Uma coisa é muito certa, todo e qualquer problema que colocamos nas mãos de qualquer uma delas tem solução. Sua força é guerreira, sua vibração magnética é carregada de sensualidade e alegria, tanto que sua chegada nos médiuns é sempre alegre, solta e sensual. Exú tem ligação com a força sexual criativa, e a Pomba Gira por sua vez com a circulação dessa energia criativa existente na vida e no Universo. Lamentavelmente sua reputação se tornou péssima devido a erros de incorporação dos próprios médiuns, que por falta de instrução de seus Babalorixas ou por deturpações pessoais as transformaram em seres com fama de depravadas, libidinosas e cruéis.


Suas oferendas são inúmeras, sempre acompanhadas de champagne, de boa qualidade, bons vinhos, bebidas fortes como o gim ou a pinga. A ela oferecemos charutos e cigarros de boa qualidade, flores vermelhas, sempre em numero impar, farofas de dendê, mel, de licor de anis (uma de suas bebidas preferidas), espelhos, enfeites, jóias, bijuterias de boa qualidade, anéis, batons, perfumes, enfim todo o aparato que toda mulher gosta e preza.


Seus locais para oferenda são variados, conforme expliquei acima, tudo depende de qual delas esta sendo chamada para seus pedidos. Suas cores predominantes são o preto e o vermelho, seus colares também, suas indumentárias as saias rodadas pretas e vermelhas, blusas de brocado e muitos enfeites.


O importante ao invocá-las é sempre lembrar que, são entidades complexas de personalidade forte, e que nunca perdoam uma falta de palavra dada. O importante também é não invocá-las para trazer prejuízo a outrem, porque elas farão com certeza, mas a dívida kármica adquirida ficará por conta de quem pediu.


Contam as lendas que podemos senti-las à noite pelas ruas, perfumadas e enfeitadas, percorrendo os caminhos dos seres humanos, os lugares ermos, os lugares movimentados, os locais onde tenham música e alegria.


Quanto ao seu aspecto sensual, faz parte de sua polaridade, não querendo significar com isso depravação ou perversão. Como disse atrás até hoje não conheci nenhuma mulher que tenha deixado de ser honesta por culpa de qualquer uma delas.


Se nossas amigas do invisível, quando encarnadas, foram mulheres honestas ou não, creio não ser de nossa competência avaliar isso, pois usando de uma frase vulgar, mas sabia, os caminhos de Deus são desconhecidos. O importante é que elas existem com certeza, e isto presenciei, assisti e convivi, e as tenho hoje como minhas lindas amigas guardiãs que me ajudam no meu trabalho auxiliando meu próximo.


A elas o meu respeito e minha admiração, por seu carinho em socorrer a nos seres aqui encarnados.