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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O retrato da evolução espiritual de uma raça incompreendida.


 
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro: o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao seu próprio mau Cheiro... Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra .Se nós decidirmos aceitá-la, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, em breve acontece com o homem. Há uma lição em tudo, Tudo está ligado.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com a vida de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas: que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra acontecerá também aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Disto nós sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem é que pertence à terra. Disto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu a teia da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizermos ao tecido, fará o homem a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum, é possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos (e o homem branco poderá vir a descobrir um dia): Deus é um só, qualquer que seja o nome que lhe dêem. Vocês podem pensar que o possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho. A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar seu Criador. Os homens brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos das florestas densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídas por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência. Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece, um pouco estranha.
Se não possuímos o frescor do ar eo brilho da água, como é possível comprá-los? Cada pedaço de terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho...
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças.
Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar para seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também, E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão. Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra tudo que necessita. A terra, para ele, não é sua irmã, mas sua inimiga, e, quando ele a conquista, extraindo dela o que deseja, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa... Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto. Eu não sei... nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem vermelho seja um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta de um homem, se não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. Ondio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diuma ou perfumado pelos pinheiros.
Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é necessário antes saber julgar-se a si mesmo. Há infelizmente muita gente que toma a sua própria opinião por medida exclusiva do bem e do mal, do verdadeiro e do falso. Tudo o que contradiz a sua maneira de ver, as suas idéias, o sistema que
inventaram ou adotaram é mau aos seus olhos. Falta a essas criaturas, evidentemente, a primeira condição para uma reta apreciação: a retidão do juízo. Mas elas nem o percebem. Esse o defeito que mais enganos produz.
(Allan Kardec em O Livro dos Médiuns).

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Guardião da Meia Noite

O texto abaixo foi extraído do livro “O Guardião da Meia Noite” (Editora Madras / Rubens Saraceni – Pai Benedito de Aruanda), aparece aqui um dialogo entre O Guardião da Meia Noite e o Guardião dos Sete Portais das Trevas.



Vejam neste texto como Os Guardiões, Exus, de Umbanda têm muito a nos ensinar e muito fazem por merecer este grau na Lei à esquerda dos Orixás:

E eu pensei:
“Como era poderoso o Guardião dos Sete Portais das Trevas”, que leu o meu pensamento.
- Não pense que consegui o meu poder sendo um tolo. Sempre dormi com um olho aberto. Nunca deixei uma ofensa sem resposta, nem um inimigo mais fraco sem conhecer o meu poder. Nunca deixei de respeitar um igual ou de temer a um mais forte. Foi assim que consegui tanto poder. Também nunca saí da lei do carma. Não derrubo quem não merece, nem elevo quem não fizer por merecer. Não traio a ninguém mas também não deixo de castigar um traidor. Leve o tempo que for necessário, eu o castigo.
Não castigo um inocente, mas não perdôo um culpado. Não dou a um devedor, mas não tiro de um credor. Não salvo a quem quer se perder, mas não ponho a perder quem quer se salvar. Não ajudo a morrer quem quer viver, mas não deixo vivo quem quer se matar. Não tomo de quem achar, mas não devolvo a  quem perder. Não pego o poder do senhor da Luz, mas não recuso o poder do senhor das Trevas. Não induzo alguém a abandonar o caminho da Lei, mas não culpo quem dele se afastou. Não ajudo alguém que não queira ser ajudado, mas não nego ajuda a quem merecer. Sirvo à Luz, mas também sirvo às Trevas. No meu reino eu mando e sei me comportar.
Não peço o impossível mas dou apenas o possível. Nem tudo que me pedem eu dou, mas nem tudo que dou é porque me pediram. Só respeito à Lei do Grande da Luz e das Trevas e nada mais. É por isso que o Grande exige de mim, portanto é isto que eu exijo dos que habitam, o meu reino. Não faço chorar o inocente, mas não deixo sorrir o culpado. Não liberto o condenado, mas não aprisiono o inocente. Não revelo o oculto, mas não oculto ao que pode ser revelado. Não infrinjo à Lei e pela Lei não sou incomodado. Agora sabe de onde vem meu poder, senhor da Meia-Noite. Eu sou um dos sete guardiões da Lei nas Trevas; os outros seis, procure e a Lei lhe mostrará.
- Por que o senhor não socorreu o Cavaleiro em sua queda?
- Foi a Lei Maior que o determinou, por isto eu me calei. Mas quando Ela saiu em seu auxílio, eu arrasei o reino de Lúcifer para saber onde estava o Cavaleiro e acabei descobrindo pois foi a Lei que me ordenou que assim o fizesse. Ele teve que calar-se e entregar-me o culpado.
- Obrigado, Guardião dos Sete Portais das Trevas deu-me uma lição sábia. Sou seu devedor.
- Nada me deve, Senhor da Meia-Noite. Gosto de ensinar a quem quer aprender mas também gosto de castigar a quem aprende e faz mau uso do saber.
Ele bateu o pé esquerdo e o recinto se encheu de entidades que haviam sido religiosos quando na carne.
- Eis aí um exemplo do mau uso do saber. Eles aprenderam tudo o que precisavam para suas missões na terra mas não seguiram o que pregaram. Usaram do que sabiam em benefício próprio ou para arruinar aos que acreditaram neles.
Olhe bem, Guardião da Meia-Noite e verá que os que se diziam sábios, iluminados, profetas, grandes lideres religiosos ou grandes sacerdotes não passavam de otários, idiotas, tolos, imbecis, cegos e mal intencionados. Verá entre eles todo tipo de defeito e nenhuma qualidade. Eram lobos uns pois se aproveitavam e comiam suas ovelhas e hienas outro pois se contentavam em consumir os restos deixados pelos lobos. Uns e outros hoje choram pelo erro cometido pela oportunidade perdida e pela luz não conquistada. Viveram do mundo e não pelo mundo.
A Lei não os perdoou e os entregou a mim. Eu dou-lhes o que merecem porque sou um guardião da Lei das Trevas e esta é minha função. A Lei não iria colocar um ser bom e iluminado para castigar os canalhas nem colocaria um carrasco como eu para premiar aqueles que venceram suas provas. Não! Os guardiões da Lei  na Luz tem uma função como a minha mas afeta à Luz: não deixam cair quem se  fez por merecer à ascensão. Eu não deixo subir aos que se fizeram por merecer a queda. Eu sou a mão que castiga, a outra é a que acaricia.
Eu sou a mão que derruba, a outra a que levanta. Tudo isto eu sou e ainda assim não sou infeliz, triste, arrependido ou ruim. Não sofro de remorso por castigar aquele que a Lei derrubou, assim como um guardião da Lei na Luz nada sente ao premiar a quem merecer. Eu sou o que sou, um guardião da Lei nas Trevas e me orgulho disto porque sei que sou necessário à Lei. E tudo isto você também é, ou será se assumir todo o seu passado, resgata-lo e se sentir feliz em servir à Lei. Ela o recompensará quando assim quiser, não porque você peça qualquer recompensa pelo seu trabalho mas porque serve-a sem se lamentar por estar nas Trevas pois Luz e Trevas são os dois lados do Criador. Há os que trabalham durante o dia e dormem à noite mas também há os que trabalham de noite e dormem durante o dia. Há os animais que só saem de sua morada sob o sol e aqueles que só o fazem sob o luar. Há o verão mas há também o inverno.
O que um aquece o outro esfria e vice-versa. Há a primavera mas há também o outono: O que um faz brotar o outro faz se recolher e vice-versa. Há o fogo para queimar e a água para saciar a sede. Há a terra para germinar e há o ar para oxigenar. Há tantas coisas e no fim são somente partes do Um. Por isto lhe digo, Guardião da Meia-Noite há os anjos e há os demônios. Os anjos habitam na Luz e os demônios nas Trevas. Uns não condenam aos outros pois sabem que são o que são porque assim quis o Criador. Aqueles que vivem no meio é que criam tanta confusão com suas descidas na carne. Do nosso lado não há nada disto. Cada um sabe a que lado pertence. E os que não sabem, são os primeiros de quem nos apossamos. Esta é a Lei que nos rege e a todo o resto da Criação. Mais não vou falar pois precisaria de muito tempo para tal coisa. Espero que possa sair daqui melhor servidor da Lei do que quando chegou.
- Eu agradeço suas palavras, Guardião dos Portais. Pena que eu seja muito pequeno para ajuda-lo, senão eu diria: se precisar de minha ajuda é só pedir!
- Pois ainda lhe digo que a maior das pirâmides não prescinde da menor de suas pedras; a maior das aves de sua menor pena nem o maior teto de sua menor telha; e nem o maior corpo do seu menor dedo. O maior rio não rejeita a menor gota da chuva nem o maior exercito ao seu mais fraco soldado. O maior rico é aquele que valoriza o menor dos seus bens. Muito mais eu poderia dizer mas me satisfaço em dizer-lhe: obrigado Guardião da Meia-Noite!  Se eu precisar de seu auxilio não terei vergonha em lhe pedir pois por terem vergonha muitos morrem. Morrem por terem desejado algo e não terem provado seu gosto. Vergonha não faz parte do meu vocabulário e a palavra que mais prezo é a que se chama”respeito”. Aja assim e não será traído nem odiado, mas respeitado. Nem os maiores passarão por cima de você e  nem os menores lhe escaparão.
Ele parou de falar.
- Até à vista, Guardião dos Sete Portais das Trevas!
- Até à vista, Guardião da Meia-Noite! 
Pai Rubens Saraceni.

Prece de Cáritas

Deus Nosso Pai, que sois todo poder e bondade, dai forças aqueles que passam pela provação, dai luz aqueles que procuram a verdade, ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.
Deus!...Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso.
Pai!...Dai ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, a criança o guia, ao órfão o pai.
Senhor!...Que a Vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes. Piedade, Senhor para aqueles que não vos conhecem, esperança para aqueles que sofrem.
Que a Vossa bondade permita aos espíritos consoladores, derramarem por toda a parte a paz, a esperança e a fé!
Deus!... Um raio, uma faísca do Vosso amor pode abrasar a terra; deixai-nos beber nas fontes águas dessa bondade fecunda e infinita e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão. Um só coração, um só pensamento, subirá até Vós como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com os braços abertos.
Oh, bondade, oh beleza, oh perfeição! E, queremos de alguma sorte merecer a Vossa misericórdia.
Deus!...Dai-nos a força de ajudarmos o progresso, a fim de subirmos até Vós.
Dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão. Dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho onde se deve refletir a Vossa Santa e Bendita imagem.
Que assim seja!

Credo Umbandista

"Creio em Deus, Onipotente e Supremo; Creio nos Orixás e nos Espíritos Divinos que nos trouxeram para a Vida por Vontade de Deus. Creio nas Falanges Espirituais, orientando os homens na vida terrena; Creio na reencarnação das almas e na Justiça divina, segundo a Lei do Retorno; Creio na comunicação dos Guias Espirituais, encaminhando-nos para a Caridade e a prática do Bem; Creio na invocação, na Prece e na Oferenda, como atos de fé e creio na  Umbanda, como religião redentora, capaz de nos levar pelo caminho da evolução até o nosso Pai Oxalá.”

Pai Nosso Umbandista



Pai nosso que estais nos céus, nas matas, nos mares e em todos os mundos habitados. Santificado seja o teu nome, pelos teus filhos, pela natureza, pelas águas, pela luz e pelo ar que respiramos. Que o teu reino, reino do bem, do amor e da fraternidade, nos una à todos e a tudo que criastes, em torno da sagrada Cruz, aos pés do divino salvador e redentor. Que a tua vontade nos conduza sempre para o culto do amor e da caridade. Dai-nos hoje e sempre a vontade firme para sermos virtuosos e úteis aos nossos semelhantes. Dai-nos hoje o pão do corpo, o fruto das matas e a água das fontes para o nosso sustento material e espiritual. Perdoa, se merecermos, as nossas faltas e dá o sublime sentimento do perdão para os que nos ofendam. Não nos deixeis sucumbir, ante a luta, dissabores, ingratidões, tentações dos maus espíritos e ilusões pecaminosas da matéria. Enviai-nos, pai, um raio de tua divina complacência, luz e misericórdia para os teus filhos pecadores que aqui habitam, pelo bem da
humanidade, nossa irmã.

Assim Seja !